quarta-feira, 27 de maio de 2015

Parábola !

No princípio era o verbo!
Era um mar de pedregulhos, todos seguros de si fincados na areia, imutáveis.
Há quem diga que eram dogmas católicos e as pessoas acreditavam...
"Creio porque absurdo"!
Tão na areia fincados como barro que não davam conta do vento e se desfaziam em juízos.
Por entre as frestas, entulhos e um conjunto de sons zumbindo, latindo, rangendo... conjuntos vários, complexos, frágeis, como que nascidos de um sonho.
Balançando ao vento, comungavam com tudo que se desmancha eram feitos de humor e de açucar. Das bocas escancaradas, acostumadas a mal-dizer, mal-querer, mal-beijar uma única palavra escapa: Blasfêmia! _ Chamem a Inquisição!
Gritou o cardeal, cercado de leões de fraque.
Um filhote de leão discordou do pai.
O pai eterno coçou a cabeça... era um mar de pedregulhos cercado de poesia.
E no princípio era o verbo, que não vivia sozinho!

Novembros

" Se eu gostar de você meu bem e fores feia feia como a morte
falsearei esta beleza atroz e te farei bela como a sorte "

 Os festivais se sucedem em Novembro!
Agora estamos no Festival Recife do Teatro Nacional.
Você poderá encontrar os artistas, produtores, satélites e outros boêmios na rua da moeda.
Alguns vão direto ao assunto:
Você gostou? Não gostou? Eu gostei! Não gostei! E assim vai...
Parece ser uma característica muito comum, por aqui, detonar espetáculos alheios.
É uma pena!
A falta de reflexão profunda quase sempre se faz presente na maioria das críticas, numa atitude carente de rigor intelectual, às vezes notadamente infantil, outras, infelizmente, invejosa.
Recife acostumou-se com a síndrome do caranguejo manco...
É possível gostar de algo que não é bom e também detestar coisas maravilhosas, mas é suficiente este critério para avaliar nossos trabalhos ou o do outro, em arte?
Podemos reconhecer o valor de uma coisa ainda que não apreciemos a coisa em si, (Kant não me perdoará pela falta de rigor filosófico) podemos contextualizá-la.
Somos nós a medida da arte? Gosto, logo existo! E a alteridade?
Vi recentemente dois espetáculos , que me parecem um avanço no teatro infantil de Pernambuco... Não são os únicos! Ainda bem!
 Pode-se perceber um cuidado com a criança, seus modos de participar e ver a arte, a maneira como se encanta ou se afasta (algumas choram, riem, participam).
"Historinhas de Dentro" e "Outra vez era uma vez..." são peças bem cuidadas, que abordam temas difíceis como a morte e a doença.
O que isto tem a ver com as idéias de Marco Camaroti sobre teatro infantil?
Talvez nada... ou quem sabe podemos confrontar os espetáculos citados, com estas idéias e encontrar melhor fundamento para nossas opiniões?
É um caminho, não é o único, nem digo que seja o melhor...
Traga sua contribuição e vamos fiando nosso quadro de cena.
Ah! Fico devendo a "Síndrome do caranguejo manco" e "Kant e a coisa em si"
 Um abraço

Etc e Tal - Passeio

É um novo dia!
Nós atravessamos as pontes e observamos as águas, o cheiro fétido nos ataca.
Os mercados de São José, Boa Vista, Santo Amaro, Casa Amarela e outros...são uma teia, cheios de moscas, mondrongos e brilhantes coisas.
Um passo à frente e ela jogaria o papel no lixeiro, mas não!
Na folha estava escrito um manifesto, um poema ou uma receita de lentilhas com casca de laranja. Um manifesto a favor dos manifestos, dos poemas, das lentilhas e laranjas.
Tudo está nos mercados, nos bairros, ou deveria.
Quanto custa uma dúzia de bananas no Ibura?
E a exposição passa pelas belas galerias fluviais, até o mar...serpenteando entre vi não vi gostei não gostei
De cada lugar se desprende um sem fim de energia, de luz, de criação.
A aranha tece a teia que tece a aranha ( O Capital, TOMO XXI, Cap. 123).
Os barquinhos deslizam nas teias dos rios, sobem e descem a remo.
Nos braços, novos coletivos os impulsionam.
Enquanto isso as torres gêmeas - carinhosamente chamadas de Sandy e Junior pelos neoboêmios- elevam-se no aterro.
E os impertinentes gritam: "Osama nas Alturas" Kabum!
Ela caiu num buraco de pedras portuguesas, que aqui chamamos calçada.
Estava de plataforma de embarque e desembarque.
Ancoramos no porto digital e vamos torcer para uma peça boa no centro Apolo-Hermilo.
Pagando o ingresso.
Depois amarra a fitinha do Senhor do Bonfim no Pátio de São Pedro e estica até a Várzea,
Bomba do hemetério, Bongi e Alto do Capitão.
E se nossos coletivos fossem para os bairros?
O papel finalmente caiu na lama, desprendendo um sem fim de energia!